Tenho pensado em fazer, entre diversos outros, dois estudos antikantianos cuja ideia tem me entusiasmado bastante. Um deles é um projeto na verdade bastante antigo.
É um estudo da área de estética (mas também referente à ética, à política e à teoria do conhecimento), sobre o que chamo de sensibilidade crítica. A noção de uma sensibilidade crítica está em oposição à noção habitual (e kantiana) de que a sensibilidade nos traria apenas dados indistintos, funcionando de maneira relativamente independente e inconfundível com a do entendimento conceitual e a da avaliação crítica de limites e potenciais das coisas.
Discordo radicalmente desta compreensão habitual e kantiana do funcionamento da sensibilidade. Ela ignora a combinação da dinâmica das sensações com a pluralidade de intensidades que se desenvolvem na sensibilidade em sentidos frequentemente divergentes ou contrapostos. Essa dinâmica e essa pluralidade de intensidades de sentidos contrapostos permite a sensibilidade crítica.
O outro estudo antikantiano em que tenho pensado é uma formulação minha bem recente. A ideia é a de fazer um exame crítico dos limites e possibilidades da fantasia, mas considerando-a sem nenhum purismo, em suas misturas, nas condições em que se dá aplicada e combinada com diversas outras atividades humanas, por exemplo com a ação produtiva — aquela que caracteriza um dos elementos mais importantes daquilo que costumamos chamar de “trabalho”.