Estou começando a ler o livro Tempo e espaço na cultura japonesa, de Shuichi Kato (editora Estação Liberdade). Interessantíssimo. Muito Bom. Fala sobre as noções de tempo e de espaço na cultura japonesa, comparando com o modo como outras culturas — a judaico-cristã, a helenística (dos gregos antigos) e a chinesa pensam essas noções. Kato avalia que os japoneses trabalham com a noção “agora=aqui”.
Para mim, isto sugere alguma aproximação com a noção existencialista do viver aqui e agora — embora Kato esteja falando principalmente de certos elementos culturais, de pensamento coletivo, presentes nos mura (pequenas aldeias japonesas) e que acabaram influenciando de modo mais geral grande parte da cultura desse povo como um todo, e não de algo vivenciado individualmente.
O mais interessante é que Kato utiliza noções geométricas e topológicas para examinar o modo como essas diferentes culturas vivenciam suas noções de espaço e tempo, o que fornece um modelo mais geral para um exame estético da coisa, envolvendo noções como por exemplo a de simetria (e de fato, Kato faz uma certa associação com a estética, pois dedica capítulos ao modo como essa concepção japonesa do tempo e do espaço se exprime na literatura e nas artes).
Estou gostando muitíssimo do livro. Muito muito muito bom.