Por João Borba – 11 de agosto de 2006 – artigo 07, vol. 1
(originalmente publicado em www.eleicao.info)
O que seria um ceticismo ético e político?
É possível ser ética e politicamente cético? — Não digo cético no sentido de “não acreditar” nessas coisas, simplesmente, mas no sentido forte e filosófico do termo, no sentido de cultivar um movimento de investigação que só descansa quando encontra alguma espécie de “impasse”… a política não é um terreno propício para os impasses . Toda “neutralidade”, em política, tende logo a ser assimilada a algum posicionamento. A ética é um terreno ainda menos propício para os impasses — na verdade eles podem ser bastante perigosos no campo moral, em que se exige alguma firmeza de caráter. Será possível ser cético justamente no cruzamento dessas áreas?
Esse é um desafio que tem se apossado da minha mente com alguma insistência, e o último artigo que publiquei neste site, com um título quase igual ao deste, lançava os meus primeiros passos nessa investigação, para que o leitor pudesse me acompanhar nessa jornada com seu olho crítico — que certamente detectará falhas onde não pude percebê-las, já que somos cabeças diferentes. É uma bela questão, e merece ser apreciada de diferentes ângulos.
A política do equilibrista
A política, hoje, para além do sentido original do termo, se define na prática como um conjunto de relações de poder. O que é uma relação de poder? Sejamos simples: é uma relação entre duas forças que agem ou tentam agir uma sobre a outra. Uma maneira para pensarmos o que poderia ser um posicionamento realmente cético em política, é considerarmos que o ceticismo caminha no sentido de um equilíbrio de forças entre as diferenças de posicionamento — eu acrescentaria que todas elas, consideradas uma a uma e mais profundamente, e não superficial e quantitativamente como diferenças meramente “de classe” socioeconômica, como se houvesse apenas de um lado os endinheirados e de outro os pobres, e fosse uma questão de equilibrar os dois lados. Esses”dois lados”, como já vimos, não descrevem os fatos. E em todo o mundo, com o crescimento das classes médias (da mais “baixa” à mais “alta” classe média) — ou mais precisamente com o crescimento do setor terciário, de prestadores de serviços e profissionais liberais — esses “dois lados” tendem a descrever cada vez uma porção menor e menos relevante dos fatos.
Exprimindo isso de uma maneira abstrata e talvez utópica, mas que ajuda a esboçar um caminho, uma postura, um modo de posicionar-se diante das coisas em política, diria que, do ponto de vista do equilibrista social (ou seja, do cético em política), seria o caso de agir no sentido de promover uma grande balança, procurando sempre alcançar e cultivar o equilíbrio de todos os grupos sociais, de todas as visões de mundo e modos de vida existentes na sociedade uns com os outros. Isso significaria levar em consideração cada um deles em sua especificidade, cada um dos poucos grupos que formam a elite, cada um dos intrincados grupos que formam a crescente “classe média” e cada um dos muitos e muitos e muitos grupos que formam a imensa maioria “desendinheirada”, a assim chamada “classe baixa”, e atuar tanto quanto possível em favor do equilíbrio de forças entre todos esses grupos, levando em consideração as condições que cada grupo tem de efetivamente viver à sua maneira e de impor a sua maneira de viver aos outros grupos, em função não apenas de sua posição em uma classe socioeconômica ou em outra, mas de todas as condições que envolvem suas relações com esses outros grupos.
A distribuição de riqueza e a de poder seriam, neste caso, instrumentos de ação dessa balança — e para agirem direito, naturalmente teriam que ser equilibradas também, para serem acompanhadas nesse equilíbrio pelos modos de vida. Isso porque os grupos sociais não vivem cada qual isolado em um ambiente com livre curso para o seu modo próprio de viver, mas em conjunto e constante negociação com outros, e quem tem riqueza e/ou poder tem maiores condições de impor e fazer valer seu próprio modo de vida nessa negociação, promovendo o desequilíbrio — ou seja, colocando dificuldades para o cultivo do equilíbrio.
No interior deste quadro, que descreve um possível ceticismo em política, como seria uma ética cética?
O desequilíbrio político na corda bamba entre dois paradigmas
O problema que se coloca para o cético, diante de cada nova situação política, de como avaliar eticamente a ação de cada pessoa, grupo ou instituição envolvida, passa a ser o de decidir o que é mais favorável ao equilíbrio de forças: decidir, para o caso de cada agente envolvido e em função desse equilíbrio de forças, se o mais correto é que ele seja, de preferência, eticamente coerente com seus próprios valores, ou sensível aos valores dos outros agentes envolvidos. São dois paradigmas que só podem complementar um ao outro até certo ponto, porque quanto mais avançamos para um deles, mais difícil se torna sustentar o outro. Eles nos orientam em sentidos opostos.
A este respeito, para que o leitor não precise correr agora a outro artigo meu (Ética e ceticismo na política: uma questão) vou cometer aqui um predescalábrio brabo (nem eu mesmo conheço esta nobre expressão da nossa língua… mas o leitor entenderá a coisa feia que estou fazendo): vou citar a mim mesmo.
Em termos morais, o perigo de se agir unicamente com base na coerência ética está no autoritarismo, no etnocentrismo, no desrespeito às diferenças, em atropelar os valores dos outros em favor dos seus próprios. O perigo moral de se agir unicamente com base na sensibilidade ética, por outro lado, está mais do que bem documentado na linguagem popular, em expressões idiomáticas da nossa língua portuguesa: é o perigo de se perder a força de caráter, de se tornar um “maria-vai-com-as-outras”, um “banana”, de não ter opinião própria e só seguir a dos outros, de se tornar um “lambe-botas”, um “puxa-saco” dos outros — mas o essencial do que todas essas noções pejorativas descrevem, está no abdicar da própria liberdade, dos seus próprios próprios princípios e decisões morais em favor das opiniões alheias. E sabemos que sem liberdade, sem decisão própria, não é possível falar em ética.
Em outras palavras, como já havia anunciado naquele artigo, o caso é delicado, e não aceita uma só resposta decisiva para toda e qualquer situação. É preciso ir aos fatos, e examiná-los com cuidado. O grande critério parece ser o equilíbrio de forças, e assim, curiosamente, é a política, o jogo de forças, que fornece critério para as decisões éticas, porque sem levá-lo em consideração, não haveria como chegar a uma resposta, não haveria como decidir firmemente, em cada caso, se devemos dar mais valor à coerência ou à sensibilidade ética. Mas é preciso ter claro em mente que não se trata de equilibrar os interesses pessoais de um agente com os valores morais de outro. Estamos falando aqui exclusivamente de valores morais e das condições para manter e impor seus próprios valores morais aos outros, e não de interesses pessoais sem qualquer caráter ético.
Se uma agente “A” segue certos valores morais e procura mantê-los, mas para isso precisa pôr limites a uma agente “B” que tem menos poder, mas que só está agindo movido precisamente pela gana de ter mais, e sem nenhum fundamento moral, a questão se complica — porque de fato ter mais poder é ter uma melhor condição para manter e impor seus próprios valores, realmente. Mas quais os valores que o agente “B” está trazendo consigo? De certo modo não importa, porque de qualquer modo, mais poder lhe daria condições mais equilibradas para propor seus valores, se viesse a fazê-lo. Mas e se sua moral acabasse se revelando completamente avessa a qualquer sensibilidade ética e tendesse inclusive a favorecer um desequilíbrio radical, e a eliminar todas as diferenças? Todas essas possibilidades precisariam ser consideradas. Hitler subiu ao poder por vias democráticas.
A incerteza da sinceridade em face da hipocrisia possível
O cenário se complica ainda mais em face da possibilidade da hipocrisia, do jogo de cena, do discurso e da imagem que caminham em uma direção quando a prática é outra — o que é extremamente corriqueiro em política — no Brasil e no mundo, e desde o princípio dos tempos. Como saber quais exatamente as intenções que movem alguém em relação a uma condição de maior poder, no que diz respeito à moral? Como saber se os valores pregados são realmente os que se pretende pôr em prática?
Digamos que um agente político qualquer se proponha a defender certos valores que são os dos mais fracos. Imaginemos que esses grupos mais fracos têm acima de tudo, como valor, condições dignas de trabalho, e com autonomia, por exemplo; isso aponta para o fomento da educação, do setor de serviços e do trabalho autônomo em condições decentes (que não fossem as de um assalariado sem os direitos habituais, como hoje em dia). Digamos que esse agente político nos pareça um possível instrumento de equilibração de forças. Votamos nesse agente político — candidato, partido ou o que quer que seja, apostamos nele, e o apoiamos de algum modo. Ele então adquire poder para agir e, surpreendentemente, age em favor de valores que são os dos mais fortes: a segurança dos bens e propriedades e o direito aos juros por empréstimos, por exemplo. E aí, com que cara ficamos? Não importam as razões dessa “traição”: seja porque não fomos os únicos a apoiá-lo e os outros não concordariam conosco, seja porque seus valores eram falsos, seja por excesso de sensibilidade ética e falta de coerência, ou simplesmente porque as condições do poder conduzem necessariamente a outra direção e não há escapatória — O fato é que, neste campo, não há certezas, não há tanta previsibilidade quanto gostaríamos.
Então como agir em favor do equilíbrio, se nossas decisões podem acabar ajudando a promover na prática o desequilíbrio? Tenho a resposta perfeita para isto: a resposta é eu não sei. E deste modo parece, enfim, que nossa tentativa de forjar uma ética cética acaba malograda, emaranhada nesse problema e sem nenhuma solução conclusiva e sólida, limitada a esse conjunto de parâmetros muito gerais e inseguros. Bom… pelo menos já é alguma coisa, não?
Uma esperança no coração da beleza, do interesse e da arte
Para não ser acusado de apenas alimentar e cultivar frustrações, gostaria de lançar um pequeno raio de luz (ainda que talvez um tanto enigmático) que pode ajudar os mais esperançosos a refletirem sobre esta questão: estamos trabalhando, até o momento, com a ideia de que uma ação qualquer tem necessariamente um único sentido. — Será?
Se vou até a porta, o sentido de meu movimento é esse que aponta para a porta. Se movo minha mão em direção à maçaneta, e meu gesto parece incompleto, e todo o contexto ao redor disto indica que pretendo sair, supõe-se que meu movimento até a porta e meu gesto rumo à maçaneta sejam o início de um movimento de abrir a porta e sair — e que o sentido de todo o movimento, considerado em conjunto, aponte para fora.
Mas se isto é feito em um palco de teatro, se isto é um jogo de cena de um ator, uma encenação dirigida a um público, então minha ação já não tem um único sentido… ela tem duplo sentido: por um lado, é minha ação como corpo que sustenta um personagem que sai, e meu corpo sai de cena junto com o personagem; por outro, não é o simples abrir de uma porta e sair, mas ao mesmo tempo a ação de expor essa saída do personagem para o público. Se o personagem acaba de brigar com um outro, e também acaba de olhar para o relógio indicando que pode estar atrasado para alguma coisa, pode estar saindo para livrar-se da presença incômoda do outro, ou porque está atrasado, ou as duas coisas ao mesmo tempo. Além de ser um movimento dirigido para o público, é um movimento que se dirige para fora atraído por algo que tem hora marcada (e pressionado para fora pelo relógio), mas ao mesmo tempo um movimento de afastar-se do outro personagem, que aponta em uma direção qualquer que seja eficaz nesse sentido, e que é por acaso a direção da porta.
Então já são três sentidos diferentes que se pode imaginar: um a favor de algo que está lá fora à espera; um contra alguém que está aqui dentro e afastando-se desse alguém; e um em direção ao público, expondo para ele isso tudo. Todos esses sentidos estão presentes ao mesmo tempo em um só movimento.
O que quero dizer é que um mesmo gesto político pode ter múltiplos sentidos simultaneamente, dependendo do ângulos pelo qual é observado, e em sua ambiguidade, pode contemplar ao mesmo tempo valores diferentes e até contraditórios. Essa ambiguidade se chama “malícia”. É algo que existe na arte, faz parte daquilo que a torna de algum modo bela ou interessante, e é o que faz com que ela seja sempre interpretável de muitas maneiras. A arte, a beleza, o interesse, são coisas maliciosas, em um sentido do termo que talvez nenhuma etimologia consiga captar — já que a palavra tem raízes aparentadas às da noção de “maldade”, e uma bela obra de arte só é “má” no mesmo sentido em que faz um mal danado a gente conviver com alguém que a gente ama, e que quer abraçar, e apertar, e beijar, e olhar, e conversar, e abraçar outra vez, e nunca vai se dar por satisfeito, e continua querendo tudo isso mesmo quando a pessoa nos irrita, e até nos inferniza de alguma maneira, nos deixa constrangidos, enfurecidos etc…. porque aquela pessoa, de um modo ou de outro, tem alguma coisa de inesgotável para nós, e no fundo é por isso mesmo que nos incomoda, porque a gente sempre acaba um pouco frustrado: afinal, é muita maldade que a vida não exista só para isso… — é em direção a esse tipo de “maldade” que uma obra de arte é “maliciosa”. E quanto mais maliciosa, mais nos incomoda e mais desperta o nosso interesse.
Mas não sejamos piegas, voltemos mais secamente ao nosso foco de atenção: o que quero dizer é que nos casos de maior incerteza quanto a como devemos agir para promover o equilíbrio, existe esse recurso “teatral” que não levamos em consideração até este momento, e que levanta uma questão interessante: seria possível encontrar gestos, atitudes, ações, que em cada caso, apresentassem um sentido de acordo com a nossa coerência ética e um outro de acordo com a sensibilidade?
O desequilíbrio político na corda bamba entre os dois paradigmas
Esse difícil balé na corda bamba entre a coerência e a sensibilidade seria o caminho para uma “arte” de agir cética e eticamente? Será que para um cético a ética, afinal, não deveria se aproximar de uma espécie de “arte” muito delicada a ser praticada no grande teatro da vida? Talvez. Talvez ser eticamente cético seja algo como agir “belamente”, enfrentando todas as dificuldades e todas as questões que forem sendo levantadas, e movendo-se com equilíbrio entre elas… na provavelmente insuperável medida do possível.
Um pouco mais de reflexão, e logo um sentimento de melancolia me assola, quando me dou conta do que essa proposta exigiria em sacrifício: deixar às traças o valor da sinceridade, a possibilidade de sermos autênticos em um sentido mais profundo que o da mera coerência com nós mesmos… nada menos que isso. Será que vale a pena?
Talvez — Talvez devamos, afinal, dar adeus a essa coisa impalpável e tão difícil de comprovar que é a “sinceridade” (tão amada pelo cético Montaigne, e aliás também por mim), e abraçar de uma vez (com Maquiavel) os jogos de cena da vida, mas procurando tratá-los como uma obra de arte, e agir tão belamente quanto possível. Pois afinal, quem saberá que somos sinceros, quando o formos? — Os íntimos? Faremos então da nossa vida política uma vida íntima, limitada aos nossos familiares e amigos? — Em um país de não sei quantos milhões de habitantes? Lamentavelmente, não dá.
A política hoje diz respeitos aos interesses públicos, e não (não só) aos estreitos limites da vida íntima. (Jürgen Habermas observou muito bem, em seu livro Mudança estrutural da esfera pública, como foi que isso se desenvolveu historicamente — é um autor de quem normalmente não gosto, e dificilmente concordo com suas avaliações, mas este livro me parece que tocou algumas questões que não podem de maneira nenhuma passar em branco). Na vida pública, em que nos lançamos quando nos metemos a participar de algum modo das questões políticas ao nosso redor, ninguém poderá se assegurar de algo como a nossa “sinceridade” — este é o fato. Ninguém saberá, no conjunto de todos os nossos gestos a ações, qual é o sentido mais preciso e correto, o “verdadeiro” sentido de nossa conduta. Ninguém é telepata.
Provavelmente nem nós mesmos saberemos, já que ninguém conhece a si mesmo tão bem e tão a fundo assim…
Fechando um longo círculo: Ética & Malícia
Por outro lado, é preciso dar alguma voz à sinceridade — que ela tenha também o seu direito à defesa: é preciso reconhecer que temos pelo menos essa sensação de estarmos sendo sinceros em relação a certas coisas. E talvez devamos cultivá-la, em meio a todo o nosso teatro.
Insisto: talvez devamos, sim, cultivar a nossa sinceridade, talvez ela tenha lugar em todo esse jogo de cena… mas à maneira do Fernando — aquele bom Pessoa, que observou que o poeta finge, mas finge tão deverasmente, que chega a fingir que é dor a dor que deveras sente. Em meio a tantos “talvezes”, talvez esta seja, afinal, a melhor descrição da malícia ética de que estou falando (de que falei por exemplo no artigo Ética e malícia, que escrevi como quem escreve um cartão de visitas). Pelo menos é assim que ela nos aparece intimamente, quando tentamos examiná-la do ponto de vista da nossa sinceridade.
No entanto, como qualquer outra ideia que se queira realmente pôr em prática (pelo menos em alguma medida), não é uma ideia perfeita. Há problemas a vista. Existe na verdade pelo menos um problema à vista que posso apontar desde já, e um problema muito sério — que provavelmente me levará a retornar, em algum artigo mais adiante, às questões de corrupção. Debrucei-me sobre esse tipo de questões em grande parte do percurso, no círculo de artigos que vieram desembocar neste aqui, e agora talvez tenha que retornar a elas de um outro ângulo. É que estamos falando estamos falando de ética. De ética — e não de um assunto qualquer. Não se deve tratar esse assunto abstratamente, sem olhar com muita atenção para o que se passa na prática, no mundo ao nosso redor.
Nosso foco de atenção, para a discussão dessas questões, também não é qualquer um: é a política. E acontece que, no campo da ética política — como basta lançar um olhar aos jornais para confirmar — valorizar as condutas ambíguas pode ser algo eticamente muito perigoso. A ambiguidade e a falta de transparência,no modo de agir e de se comportar (em toda parte, mas na política mais do que em qualquer outra parte), abrem campo fértil para o mascaramento e o cultivo de atos “feios”, criminosos e nem um pouco éticos, como um verdadeiro jardim de ervas daninhas prontas para avançarem a cerca e se enroscarem, sufocantemente, nas flores frágeis da decência que tentam garantir, com enorme dificuldade, aliás, algum mísero lugar ao sol.
Como cultivar uma vida ética encarada como obra de arte, e valorizar os gestos e atitudes teatrais, com toda a rica multiplicidade de sentidos que podem carregar em benefício de uma ética mais bem calibrada, mais equilibrada, sem ceder terreno para essas ervas daninhas, que se aproveitam facilmente de toda e qualquer ambiguidade e intransparência de que possam se alimentar?…
Confesso que tenho já, cá pra mim, meus esboços de reflexão a respeito, mas deixo-os para outro artigo. — O leitor que tem a paciência de percorrer comigo discussões tão ziguezagueantes e insatisfatórias (e que se teve essa paciência, há de ter alguma afinidade, pequenina que seja pelo menos, com o modo como procuro mobilizar o pensamento), merece um tempo para saborear o que lê com as suas próprias reflexões… pois é disto que imagino que um leitor com esse perfil deve (ou deveria) gostar.
Por enquanto, fica lançada uma ideia, em relação ao que seria uma vida ética, de um ponto de vista cético: vivê-la como quem dança, cuidadosa e teatralmente, equilibrando-se em uma corda bamba entre a coerência e a sensibilidade. Devemos adotar essa ideia?
Timão — um dos primeiros grandes filósofos céticos, na antiguidade, era bailarino. Talvez devêssemos perguntar a ele o que nos aconselharia…
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