Acabo de me despedir oficialmente do sistema operacional Windows. Fazia tempo (décadas) que reclamava, reclamava, reclamava, reclamava da Microsoft. Já não usava quase nada dessa empresa. Apenas o sistema operacional Windows 7, do qual até certo ponto gostava. Quase todo o resto era software livre em versão para Windows, e alguns gratuitos.
E muito xingamento emputecido todo dia quanto a cada coisa do Windows da qual ainda não havia me livrado, como o windows explorer, a própria odienta barra de ferramentas do windows, com suas instabilidades, o sistema de ícones ainda mais instável, o arrrrrraaaaaaassssstar lento de tudo, a porcaria do peso dos arquivos.
E as toneladas de virus, as atualizações do próprio windows que fodem com o computador, as incompatibilidades entre softwares (porque nada no processo de instalação é planejado ou minimamente inteligente, ficando sujeito aos desajeitos dos instaladores daquilo que baixamos), as coisas “enfeitadinhas” e que funcionam com tanta utilidade quanto uma bosta já feita para um organismo vivo que se afasta, os milhões, bilhões, zilhões de recursos que começam a pifar assim que você se tenta utilizar realmente e massivamente deles. Enfim… aquele lixo todo.
É inacreditável que a gente pague por tudo isso!
Agora estou brincando de reclamar do Linux… só que não estou encontrando realmente muita coisa que reclamar, porque a reclamação deságua sempre numa mesma coisa: ainda não sei mexer direito. E parece ser sempre só isso. Ademais, como é cedo pra ter aprendido qualquer coisa (uns dois dias de uso do Linux) minhas reclamações estão parecendo, até pra mim mesmo, injustas.
No Windows, apesar de tudo havia conseguido configurar as coisas do meu jeito, ultra hiper mega personalizado (launchers personalizados, e um sistema todo meu de organização de ícones, por exemplo, com os próprios ícones personalizados um a um, tendendo a referi-los a símbolos da minha psique de significados abissais), e seco (não gosto de usar imagem no pano de fundo, por exemplo, deixo tudo preto). No Linux, estou tendo dificuldades com essas configurações, porque funciona um tanto diferente.
Ainda não personalizei meu firefox (que era também carregado com um dia inteiro de trabalho de personalização), e do modo como está, cru, navegar na internet fica um pouco irritante para mim. Um pouco não, muito. E a irritação me deixa confuso, esqueço coisas, fecho janelas que ainda não devia ter fechado… péssimo. Há décadas que tenho um problema de estresse complicado, ficando sujeito a irritações exageradas com coisas bobas do dia a dia (quase sempre com coisas mesmo, quase nunca com gente).
A primeira providência, básica, que tomei, foi instalar o DragIt. Não consigo navegar sem isso, acho um saco. A próxima vai ser uma reconfiguração do default de zoom, porque vou acabar cego com as letras minúsculas que estou tendo que enfrentar. Acho que deve dar pra reconfigurar no about:config. Da outra vez tive preguiça de pesquisar isso e instalei uma extensão que fazia, mas talvez não seja necessário. Vamos ver.
Recomeçar a preparar o equipamento pra poder usar decentemente, coisa que costuma levar dias, às vezes semanas, é um porre. Mesmo assim, já estou preferindo o Linux. Já está me parecendo ter valido à pena, só pelo primeiro tatear na coisa. Só espero não perder tempo demais aprendendo como usar (por isso escolhi, para começar, a distribuição mais banal e parecida com o windows, usando o famoso Ubuntu).
Mas o importante não é nada disso. O importante é outra coisa.
O importante é que agora começo a avançar uns passos mais em um processo de autotransformação profunda e que ainda vai levar algum tempo pra se completar. Um processo que iniciei neste semestre (e que me levou também a brincar com o meu nome no facebook, de modo a refletir isso com certa dose de humor, trocando para “Outro Borba”).
Neste momento estou começando a trabalhar e resolver uma contradição psicológica básica que tenho (e que me parece que em diferentes doses, todo mundo tem ou quase todo mundo). Reclamamos das coisas e cultivamos o próprio motivo da reclamação, mantendo um sofrimento constante como se isso fosse a melhor maneira de nos fazer continuarmos a sentir a vida fluindo, na nossa eterna fuga da entropia (da morte que nos acompanha a cada passo comendo nossos pés).
Então, para começar nas camadinhas mais superficiais do meu pobre ser esse “desestressamento” em nível profundo, chutando pro espaço fontes de sofrimento e estresse que cultivo desnecessariamente, criei coragem e mandei o Windows pra p que o p.
Estou enfrentando portanto um novo sistema operacional, com mil implicações — por exemplo ter que lidar com minha absoluta obsessão por configuração ultrapersonalizada (buscando algo seco mas elegante) do meu acesso aos programas (desde o desktop até o modo como organizo meu acesso aos softwares e minhas sequências mais habituais de uso deles)… o que me ajuda a entender meus próprios algoritmos (ou obsessões) de um modo geral para lidar melhor com elas.
Está sendo uma boa experiência, neste início, apesar de uma série de pequenas frustrações e ansiedades tentando aprender umas coisas (mais de um dia só pra conseguir localizar os executáveis dos programas, por exemplo!
Isso porque o sistema de instalação e de organização da árvore dos programas é bastante diferente e estranho pra quem se acostumou ao windows. Parece que o software instalado não fica em uma pasta individual só dele, a impressão que dá é que seus arquivos e componentes são distribuídos pelo computador de maneira a otimizar uma série de coisas, e que é preciso aprender que tipo de arquivo vai para que região do computador… aliás, dá o que pensar quanto ao modo como organizamos as coisas na nossa própria cabeça, que podia ser um pouco menos windownizada…
…dificuldades, dificuldades… iniciais, de “nascimento” — para escapar de outras que eram decrépitas, permanentes e degenerativas.
De qualquer modo, pelo menos por enquanto, dificuldades, dificuldades, dificuldades… mas enfim, vamos lá!
Aprender tudo de novo (…gente, adoro isso!)