Embora não possa afirmar com certeza “verdades” do tipo “a crença é uma patologia intrinsecamente humana e incontornável”, de qualquer modo é bom que nossas crenças sejam vistas precisamente dessa maneira. Por quê “bom”? De uma patologia, uma doença, não é melhor nos curarmos? Que pode haver de bom na ideia de que essa, em especial (a crença) seja uma patologia incurável? — É que nossas fraquezas nos limitam, e ao nos limitarem, nos delimitam e definem, ajudam a caracterizar quem nós somos.
Não somos super-homens nietzscheanos. Não tenho forças para, o tempo todo, não crer em absolutamente nada ao meu redor. Em minha fraqueza — humana, demasiado humana — acredito por exemplo (entre muitas outras coisas) nas formas materiais que me parecem chegar aos sentidos.
Mas o importante em minha formação, na caracterização daquele que sou, não é o conjunto e a composição das fraquezas que tenho porque não consigo evitar, mas sim o conjunto e a composição daquelas que tenho porque escolhi como objeto de cultivo ou de oposição e combate. Daquelas de que, fraquezas ou não, fiz forças vitais formadoras de mim, do que sou, de quem sou.
E fiz por que quis: são escolhas!
4/Nov./2012