• *PROPOSTA DO BLOG*

    O Blog Quemdisse visa uma postagem inicial mais ágil, descompromissada e espontânea sobre meus pensamentos e assuntos de momento, para um powterior exame mais aprofundado na “euciclopédia” ProjetoQuem (enciclopédia filosófica e interdisciplinar online, de vocação crítica e social, informativa mas com posicionamentos).

SOREL, Georges. “Reflexões sobre a violência”. Petrópolis: Vozes, 1993.

De vez em quando encontramos um livro que nos chacoalha. Este, no meu caso, é dessa categoria. Faz bastante tempo que vinha sentindo uma certa curiosidade em relação a Georges Sorel, autor controvertido que, para muitos acaba se mostrando tremendamente incômodo ou até mesmo digno de aversão e horror. O principal foco tanto de curiosidade quanto de horror entre os que o estudam tem sido exatamente esta obra: Reflexões sobre a violência. Estou lendo o livro agora, e para minha surpresa, foi muito além de minha expectativa em todos os sentidos, é um livro muito bom. Excelente. Inclusive naquilo em que me preocupa e assusta, ao mesmo tempo que me atrai e me fascina, que é o modo como trata a questão da violência revolucionária — que envolve por um lado meus maiores pontos de crítica a Sorel, mas por outro também aquilo em que Sorel (perigosamente, talvez), me seduz em certa medida a seu favor.

A primeira vez em que mencionei para alguém minha curiosidade a respeito dos pensamentos de Sorel (e também de um outro autor com o nome esquisito de Pi y Margall) foi para um dos anarquistas mais idosos que participavam do CCS – Centro de Cultura Social dos anarquistas, que na época ficava no Brás. Ele me olhou com muito estranhamento, e me parece que com um ligeiro incômodo em relação a Sorel. Fez-se um breve, mas significativo silêncio na nossa conversa, que antes vinha se desenvolvendo animada.

Pi y Margall foi um ex-presidente paradoxalmente influenciado pelas ideias anarquistas de Proudhon, e que conectou a teoria proudhoniana com sua experiência prática político-administrativa em um livro interessantíssimo, chamado La reacción y la Revolución, publicado pela editora Anthropos, de Barcelona, em 1989. Meu colega anarquista, na época, nunca tinha ouvido falar de Pi y Margall, menos ainda de um livro em que algum ex-presidente se aproximasse do anarquismo.  Mas pareceu indiferente a isto. A menção a Sorel foi o que o incomodou, prolongando o largo silêncio em nossa conversa… até que ele abriu um sorriso ainda mais largo quando rompi o silêncio mencionando um terceiro autor que tinha curiosidade de estudar: Alexander Herzen.

Minha curiosidade, meu interesse em relação a Sorel e a Margall, na época, estavam ligados a uma ansiedade juvenil que me impulsionava em busca de algo mais prático e com resultados eficazes do que aquilo que costumava ver entre meus colegas anarquistas, embora naquela época eu fosse militante anarquista tanto quanto qualquer um deles.

O modo como constantemente me alertavam (especialmente os mais idosos e experientes entre eles) contra as precipitações impensadas em que a ansiedade excessiva pela eficácia costumava lançar alguns jovens militantes, que por essa via acabavam caindo em procedimentos mais autoritários do que propriamente anárquicos, me parecia até que razoável, mas mesmo assim me exasperava de insatisfação… e isto apesar de minha formação de filósofo, que me mantinha sempre atento à necessidade de bons fundamentos para uma ação e de muita reflexão e questionamento crítico em relação a qualquer tomada de atitude!

Nada disso, nada nessa minha formação filosófica, me aliviava da impaciência ou me impedia a ansiedade incontrolável por ações eficazes, naquela minha fase da juventude. E ocorre que o pouco que havia lido sobre o anarcossindicalismo até aquela época, apontava essa corrente anarquista como sendo, justamente, a mais voltada para a prática e para os resultados estrategicamente eficazes. Pesquisando então quais seriam os fundamentos filosóficos do tal “sindicalismo revolucionário”, e quais seriam os pensadores que eu deveria estudar para encontrar fundamentos mais filosóficos para essa corrente do pensamento revolucionário, fui me deparando sempre com esse mesmo nome mencionado por todos os lados… Sorel, Sorel, Sorel.

Herzen à parte, a reação de meu mais experiente colega anarquista quando mencionei Sorel, naquela ocasião, foi a que de fato atiçou minha já crescente curiosidade em relação a esse pensador. Todos os três que mencionei na tal conversa (Sorel, Pi y Margall, Herzen) eram autores de um modo ou de outro influenciados pelo francês Pierre-Joseph Proudhon, um dos mais importantes teóricos do anarquismo mundial e o primeiro filósofo anarquista realmente de peso. Eu estava na época realizando meu doutoramento em filosofia pela PUC de São Paulo (que concluí em 2008, se me lembro bem), e minha tese era precisamente sobre Proudhon, focalizando o método criado por ele para seus os estudos sobre política.

Queria incluir em minha tese um capítulo sobre autores influenciados por Proudhon e os debates entre eles a respeito de como se devia interpretar a obra proudhoniana. Acabei reduzindo isto ao exame dos principais críticos de Proudhon, todos influenciados em alguma medida por ele apesar de criticarem-no:

  • o comunista Karl Marx — cujas críticas, coalhadas de distorções e deturpações quase caricatas de Proudhon, constituem mais propriamente um trabalho ativo de difamação do que um exame crítico;
  • o anarquista russo Bakunin, amigo pessoal de Proudhon e o mais suave nas críticas a ele — mas que sem pretender difamar o amigo francês (do qual aliás costuma ser considerado o principal seguidor e continuador), no entanto incorre também em inúmeras incompreensões ou compreensões demasiado superficiais em sua interpretação
  • e o anarco-individualista ou ultra-individualista Max Stirner — em minha avaliação o único dos três a fazer de Proudhon uma crítica realmente bem-informada, fundada em algo que efetivamente descreve o pensamento de Proudhon sem fantasias ou distorções.

Em minhas pesquisas em busca de autores influenciados por Proudhon, havia chegado primeiro a Herzen, amigo pessoal dele que mais tarde, se tornando também amigo de Bakunin, acabou apresentando os dois um ao outro. Naquela conversa que mencionei, que tive com um senhor anarquista do CCS, já havia lido um livro de Herzen, em espanhol — Pasado y Pensamientos (publicado em Madri pela Editorial Tecnos, em 1994), e a leitura não havia deixado muito claras para mim as ideias do próprio Herzen, porque ele falava mais de outros do que de si mesmo. Só que entre esses outros de quem ele falava estava o sindicalista revolucionário Georges Sorel, o famoso autor das Reflexões sobre a violência.

Herzen me deixou com a vaga impressão de que Sorel era um anarquista, talvez um anarco-sindicalista como Errico Malatesta. Fazia algum tempo que eu havia me interessado pelos escritos de Malatesta, mas ele ma parecia sempre tão diretamente prático e tão pouco teórico que não conseguia encontrar nele fundamentos filosóficos como os que sempre é do meu interesse estudar. Então estava achando, naquela época, que talvez Sorel oferecesse fundamentos filosoficamente mais sólidos para aquilo que Malatesta praticava.

Hoje sei que estava enganado, por duas razões: primeiro porque há sim fundamentos filosóficos submersos nos próprios conselhos práticos e estratégicos de Malatesta para os sindicalistas, fundamentos que estão subentendidos e implicados ali, que podem e precisam ser escavados e compreendidos se queremos entender a fundo e de um ponto de vista filosófico esse grande defensor anarquista do sindicalismo. E segundo porque esses fundamentos filosóficos de Malatesta, hoje vejo bem, nem sempre concordam ou coincidem com aqueles que são mais direta e explicitamente trabalhados por Sorel, em sua defesa de um sindicalismo revolucionário que, no entanto, não deixa de se aproximar em vários aspectos, e bastante, dos conselhos e observações de Malatesta, do ponto de vista prático.

Só que os fundamentos filosóficos e conceituais por debaixo das recomendações práticas dos dois, Malatesta e Sorel, acabam por fazerem a diferença.

E uma enorme diferença, aliás, que levou Malatesta a se aprofundar cada vez mais no anarquismo, em uma formulação original toda sua, conforme se aproximava e se tornava amigo pessoal do anarco-comunista e cientista ecológico Kropotkin e, principalmente, do ao mesmo tempo destruidor, carinhoso, carismático e brincalhão Bakunin — que foram outros dois dos maiores pensadores anarquistas mundiais.

Enquanto o italiano Malatesta ia mergulhando por esse caminho, o francês Sorel (que para meu engano, e talvez também o de Herzen, era assumidamente muito mais marxista do que anarquista) foi se aprofundando cada vez mais na defesa de uma violência revolucionária irracional, concentrada e unificada, e por esse caminho acabou cedendo também, no final da vida, à ideia de que um certo perfil (extremamente autoritário) de liderança poderia talvez dar um bom rumo, isto é, um rumo mais efetivamente revolucionário e eficaz, a essa violência… possibilidade que na época em que escreveu o livro Reflexões sobre a violência ele próprio ainda rejeitava, e com críticas bastante duras.

Sorel, no final da vida, deslizou de um marxismo heterodoxo, carregado de influências anarquistas recebidas de Proudhon, para a defesa de uma monarquia em aliança com os sindicatos e, finalmente para a defesa do fascismo de Benito Mussolini (que aliás, na juventude também havia dirigido um periódico marxista).

Quando descobri isso, essa decadência do espírito libertário de Sorel primeiro no monarquismo (junto a diversos pensadores conservadores e reacionários que, bizarramente, se apropriavam de ideias anarquistas de Proudhon para distorcê-las em favor do autoritarismo mais tacanho), e depois direnamente no fascismo, comecei a entender não só a reação estranha daquele meu antigo colega anarquista mais idoso e experiente quando lhe mencionei Sorel, mas também todos os conselhos que ele e outros tão experientes quanto ele me davam no sentido de que eu devia repensar com atenção essa minha ansiedade por resultados eficazes tão imediatos quanto possível nas lutas revolucionárias. Porque os textos te Sorel fervilhavam dessa mesma ansiedade revolucionária pela eficácia, e foi precisamente por esse caminho que ele acabou desembocando primeiro em uma apologia da violência, e depois, no mesmo autoritarismo que ele próprio tanto havia combatido!

Relendo Proudhon, comecei a compreender melhor, também, inúmeros alertas que ele deixou espalhados em suas obras para os militantes mais jovens e ansiosos prevendo esse tipo de coisa. Porque a ansiedade juvenil, a exasperação em busca de resultados práticos eficazes e imediatos nos leva a tentar forçar a população a seguir o ritmo acelerado que julgamos, em nossa ansiedade juvenil, que uma revolução deve seguir. E se a forçamos a população a um certo ritmo revolucionário mais acelerado, não estamos ajudando a promover de fato uma revolução popular, debaixo para cima, mas praticando tudo aquilo que não queremos em uma militância anarquista: a imposição de ações transformadoras de cima para baixo. Estamos neste caso obrigando a população a segui-las e decretando que isto é que é, para eles, o revolucionário, ou seja, aquilo que vai revolucionar suas vidas no sentido que eles pretendem!

Quando fazemos isto, já estamos de saída nos separando da população, e decretando — autoritariamente sim, a partir de fora — o que a própria população, pessoa a pessoa, deveria buscar ao invés disso por si mesma, inclusive com resultados que não são e não poderiam ser exatamente os mesmos pretendidos por nós. Porque numa revolução efetivamente popular, realizada efetivamente de baixo para cima, não pode haver o” resultado que a população “deve” atingir segundo uma vontade que se coloca para além da própria população, como se os que têm essa vontade já conhecessem esse resultado de saída e a população só tivesse que “descobri-lo”! — Existe um ritmo orgânico de desenvolvimento da população, ora mais acelerado, ora menos, não no sentido da “descoberta” do que “é” o revolucionário e que os militantes “já conhecem porque já descobriram”; e sim no sentido da criação e construção de algo novo, de algo revolucionário porque diferente e compreendido coletivamente como desejável, algo novo precisamente porque não sabemos o que é. Podemos apenas alertar para repetições indesejadas de algo velho e não superado.

Pouco importa se a militância está concentrada em um partido de vanguarda, tendo assumido ou não o poder, ou se está espalhada e misturada no meio do povo, como normalmente é da preferência anarquista: se essa gente espalhada pela população procura forçar o ritmo de desenvolvimento revolucionário da população — o que significa também forçar em uma direção específica predeterminada, que essa gente militante (e não toda a população) considera “a direção da revolução” — se é isso o que essa gente está fazendo, então está atuando sim “de cima para baixo”, e não “de baixo para cima” conforme a clássica e tão celebrada definição de Proudhon para um movimento verdadeiramente revolucionário e popular, em seu livro Confissões de um revolucionário. 

Esse tipo de reflexão, em minha vida política, acabou combinado ao fato de que me parece impossível, pessoalmente e emocionalmente, me livrar de minha ansiedade revolucionária por resultados eficazes tão imediatos quanto possível, ao mesmo tempo que, por outro lado, me é igualmente impossível aceitar qualquer “liderança” oficializada — em qualquer que seja a direção — como pretexto para tais resultados, ou sob qualquer outro pretexto que os f… d… p… sejam quais forem queiram inventar para me impor ou impor às pessoas ao meu redor o que quer que seja. Imposições são sempre inaceitáveis por princípio não importa quais sejam ou de quem venham.

O único modo pelo qual engulo imposições é por estrita necessidade inelutável de sobrevivência (se é que posso dizê-lo, porque a sobrevivência, em si mesma, para mim é um meio, não um fim). Mas ainda assim, só engulo imposições com muito ódio contido e pronto para explodir na menor oportunidade na cara do impositor, e considerando minha contenção necessariamente estratégica e provisória — inclusive em vista da possível necessidade e oportunidade desse contra-ataque de modo que seja eficaz, e não apenas estratégica em vista da “sobrevivência”. A bem da verdade, para mim, “sobreviver” não é algo tão importante assim… sobrevida é pouco, não me interessa muito em vista da intensidade e da construção personalizada do viver, que é o que tem para mim algum valor.

Um valor fugaz, superficial, é verdade, pois a vida inteira não passa de uma bolha de superfície prestes a estourar na morte, segundo meu ponto de vista… e mais do que isso, nessa bolha de autoconstrução da vida em que somos, ou melhor, em que vamos nos fazendo aquilo que vamos sendo, já estamos de saída caminhando firmemente e irrefreavelmente para a morte, desde o instante em que nascemos. O valor de viver, penso, está na autoconstrução que vamos fazendo (ou que a vida vai se fazendo em nós)… porque é o tudo o que temos em face do fato de que, de certo modo, já estamos todos mortos, porque já estamos morrendo aos poucos, até o definitivo estouro dessa nossa bolha de fantasia que estou chamando de “autoconstrução” — e que não é algo “puramente individual”, porque não somos realmente sequer “indivíduos”, mas “divíduos”, somos jogos e aglomerados de máscaras em autoconstrução, e essa autoconstrução depende das pessoas ao nosso redor… ela é sempre, queiramos ou não, coletiva.

Eis um pouco do João Borba que escreve estas linhas. Este é meu estado de espírito mais constante e profundo nos últimos anos, e sempre aprofundando-se mais em mais, fazendo agarrar-me quase desesperadamente a essa bolha de autoconstrução coletiva, nossa única fuga da morte, que é nossa mais constante (e crescentemente intrometida) companheira dolorosamente inseparável de cada mínimo instante. Uma fuga no terreno da ilusão coletiva. O nome do processo coletivo em que se dá essa construção de ilusões é… luta.

Esse estado de espírito, que em relação especificamente a “imposições” que “temos” (temos mesmo? — questão incessantemente, obsessivamente retomada e sempre revista caso a caso por mim, passionalmente) “temos” (será?) que encarar e engolir no dia a dia, é um estado de espírito incontornavelmente e inevitavelmente estressante, e acabou me conduzindo a rejeitar todo e qualquer “ismo” com o tempo (inclusive o “anarc-ismo”), ao mesmo tempo em que me força sempre e renovadamente a reconheça a impotência do isolamento contra imposições… como resultado, tudo isto me levou também a desenvolver um posicionamento próprio e personalizado, independente, e mesmo assim de certo modo encarado por mim como algo que devo propor sempre à coletividade, especialmente aos que sofrem imposições similares. 

No campo político, esse meu posicionamento independente ainda segue mantendo, é verdade, bastante proximidade com algumas correntes da postura anarquista — assim como também com a postura situacionista e, especialmente, com a postura autonomista (na linha de Castoridadis)… mas sem me “entregar” de maneira pura e inteira ou completa a nenhuma delas. Pois são todas, para mim, apenas posições estratégicas entre as quais circulo costurando-as com a minha, que considero personalíssima e única… ultra-individualismo à moda de Stirner em certa medida? Sem dúvida, mas também tenho críticas, como já mencionei, à ineficácia do isolamento ao qual os stirnecianos costumam tender. Procuro construir meu posicionamento personalizado e único de modo que seja, não obstante, articulável com outros consideravelmente diferentes, de maneira que possa coletivizar-se por essa articulação com posições diferentes (embora não com qualquer outra posição, pois meu posicionamento independente tem também os seus filtros para o aceitável e o inaceitável).

Esse estado de espírito me faz também ficar fascinado e atraído pelo pensamento de Sorel, que insiste com virulência, com agressividade, na noção de uma luta incessante, e que, assim como eu, critica a despotencialização que o isolamento produz, e assim como eu, carrega por dentro uma explosão contínua de ansiedade por ações transformadoras eficazes. Mas ao mesmo, esse mesmo estado de espírito torna Sorel, para mim, ultrapassando todas as coincidências,  um pensador em última instância inaceitável — pelo autoritarismo ao qual sua valorização da violência acaba por conduzi-lo  — e que aliás, significativamente, o conduz também, a meio de caminho, a um certo anti-intelectualismo ao qual tenho a mais profunda e passional aversão, exatamente tão grande quanto meu ódio pelo capitalismo, o sistema-rei das imposições inclusive sistematizadas e impessoalizadas (burocracias, aliás, não são, sob esse aspecto, tão diferentes assim).

Acabo encontrando em Sorel, portanto, um tipo de autor que considero extremamente precioso em meu processo de formação filosófica: o adversário valoroso. Aquele que quero combater, mas justamente porque o considero um grande autor, capaz de me oferecer um imenso desafio, um enfrentamento teórico no qual tenho muito a aprender e a crescer com minhas próprias reflexões e posicionamentos. Tenho já uma considerável coleção de aversários admiráveis. Entre os principais, posso listar Platão, Rousseau, Kant, Schelling, Marx, Popper, o psicólogo Skinner, a lógica elementar matemática (toda ela), a Teoria dos Sistemas em suas conexões com a cibernética, e a Teoria dos Jogos matemática. (o capitalismo não é nada de valoroso, nem a burocracia… são simplesmente uma bosta).

Agora posso dizer, com muita alegria, que encontrei mais um adversário valoroso: Georges Sorel. E grande parte do desafio consiste em que, embora não o aceite (preferindo mil vezes Malatesta), Sorel inegavelmente me seduz, e muito. E me seduz rumo a um conceito marxista que nunca aceitei, mas que ele, sorel, reinterpreta a meu ver de modo muito mais interessante e inteligente — inclusive porque para essa interpretação toma emprestado algo da inteligência de Proudhon, um de meus principais aliados no combate a esses adversários todos. O conceito marxista a que me refiro, e que jamais aceitei até aqui, mas que depois de ler Sorel, me sinto impulsionado a reavaliar com mais atenção… é o conceito de luta de classe.

Antecipo que minha resposta tende a retirar esse conceito do campo estritamente econômico em que costuma ser considerado. No que diz respeito ao assim chamado Sistema Capitalista, as classes em luta, me parece, se distribuem muito mais em torno do que há aí de sistema do que propriamente em torno do capitalismo — e a questão inteira, então, diz respeito muito mais ao problema da tecnocracia do que especificamente a esse seu modo particular de alimentação e manifestação chamado “capitalismo”…

(Flusser no horizonte, ao lado de Proudhon e outros meus aliados!)

 

 

 

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