Estou pensando na questão da “militância”. A palavra em si já evoca coisas desagradáveis, sugere militarização da política, como se devesse ser um campo de guerra.
Penso que política é exatamente o contrário : gerenciamento conjunto de divergências em conflito, cultivando a divergência. O que faz refletir. Guerra é empenho destruidor a todo e qualquer custo visando eliminar o divergente.
Neste sentido, acho perfeitamente compreensível a revolta do colega Sérgio Gabriel.
Por outro lado entretanto, em política não há “neutralidade”, porque há jogo de forças opostas em movimento, de modo que a inação ou neutralidade resulta o mesmo que o engrossar de um caldo dominante, o posicionar -se em favor do que estiver rumando para o predomínio entre outras posições.
E ocorre que nem toda militância é favorável à partidos políticos, coisa em que discordo do sugerido pelo Sérgio Gabriel , e que o sentido popular de “militância ” também não é necessariamente esse militarizado do qual falei.
Normalmente dizemos (ou pelo menos estou acostumado a ouvir e dizer) que alguém está militando em favor de um posicionamento, e isto não quer dizer necessariamente de um partido.“Militar” em favor de algo ou contra algo, a meu ver, é então simplesmente; tomar, assumir e defender posição (coisa que o colega Sergio Gabriel também faz!).
No meu caso, particularmente, para os que nao me conhecem bem, fui militante anarquista durante a maior parte da vida. Hoje me considero “independente”: combino anarquismo ainda, sim, com autonomismo, situacionismo, ceticismo político, postura na linha dos “anônimos” internacionais, pragmatismo maquiaveliano e ainda mais malatestiano-soreliano, e finalmente, torcida pelo corínthians.
Mas minha opinião em relação a partidos como PT e PSDB por exemplo é bem clara e já a coloquei publicamente (em meu blog) inúmeras vezes: PSDB = “direita”, o que para mim exclui qualquer simpatia logo de saída. PT = “direita” (pelo próprio fato de ser um partido) que pensa que é esquerda e que conseguiu destruir no Brasil as condições de possibilidade de ação de outros partidos que também pensam ser de “esquerda”.
Para mim, esquerda é a oposição social (e não partidária ) histórica. É o povo tomando a ação sem (e contra) toda e qualquer escamoteação dela por “representantes” ou partidos. É controle popular direto.
“Direita” é a situação social histórica e atual, são os grupos, pessoas e instituições que detêm poder econômico, militar, político etc. Ou que ocupam no presente ou pretendem ocupar no futuro a posição de “representantes” ou de membros de partidos que presentes “no poder”. Tudo isto, para mim, é “direita”, e sou contra.
Alguma dúvida?
Posted by Outro Borba on Sexta, 4 de dezembro de 2015
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